O que não te contam sobre a tão sonhada job offer canadense

Nos últimos anos, o Canadá tem sido um destino cada vez mais atraente para imigrantes em busca de uma melhor qualidade de vida, oportunidades de trabalho e estabilidade política e econômica. No entanto, muitos imigrantes enfrentam dificuldades para conseguir uma job offer de uma empresa do Canadá, ainda em seus países de origem, especialmente aqueles que não são programadores e que precisam estar fisicamente presentes no país para trabalhar.

Para entender as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes no mercado de trabalho canadense, é preciso entender primeiro o contexto da imigração no país. O Canadá é um dos países mais acolhedores para imigrantes no mundo, com um sistema de imigração que visa atrair trabalhadores altamente qualificados, empresários e estudantes internacionais. De fato, cerca de 1 milhão de novos imigrantes e estudantes internacionais chegam ao país todos os anos.

Isso significa que há muita concorrência para conseguir uma vaga de emprego no Canadá, especialmente para aqueles que não têm habilidades técnicas específicas, como programação, que podem ser realizadas remotamente enquanto o processo de visto é processado. Para os imigrantes que precisam estar fisicamente presentes no país para trabalhar, a busca por uma job offer pode ser ainda mais desafiadora.

Uma das principais razões pelas quais é difícil conseguir uma job offer no Canadá é a falta de experiência local. Muitos empregadores canadenses preferem contratar candidatos que já têm experiência trabalhando no Canadá ou que possuem um diploma de uma universidade canadense. Isso pode ser especialmente difícil para imigrantes que acabaram de chegar ao país e não têm nenhuma experiência local ou contatos profissionais.

Outro desafio enfrentado pelos imigrantes que procuram emprego no Canadá é o idioma. Embora o inglês e o francês sejam os idiomas oficiais do país, muitos empregadores exigem que os candidatos tenham proficiência em inglês e/ou francês para serem considerados para a posição. Isso pode ser um obstáculo para aqueles que ainda estão aprendendo o idioma ou que não têm a oportunidade de praticar regularmente.

Além disso, muitos empregadores canadenses preferem candidatos que tenham experiência em trabalhar em equipes multiculturais. Embora a diversidade seja valorizada no Canadá, pode ser difícil para os imigrantes que não têm experiência trabalhando em um ambiente multicultural se adaptarem rapidamente e trabalharem efetivamente com colegas de diferentes origens culturais. Um ponto importante de se levar em conta é que se você está aplicando de fora do Canadá, você concorre com praticamente o resto do mundo todo que queira vir ao país trabalhar ou seja 8 bilhões de profissionais. Enquanto quem já está no país além de diversas outras vantagens competitivas tem como concorrência de “apenas” 39 milhões de habitantes.

Para superar esses desafios, os imigrantes devem estar dispostos a investir tempo e recursos em sua busca por emprego no Canadá. Isso pode incluir aprimorar suas habilidades linguísticas, fazer networking com profissionais locais, entender melhor as características além da dinâmica do mercado local e obter experiência de trabalho voluntário ou em estágios para aumentar sua experiência local.

No entanto, mesmo com todas essas medidas, a busca por uma job offer no Canadá pode ser um processo longo e frustrante. Muitos imigrantes, mesmo aqueles já estabelecidos no país, relatam que enviam centenas de currículos e participam de várias entrevistas antes de receber uma oferta de emprego. Para aqueles que já estão no país com um visto de trabalho o cenário acaba sendo menos desafiador pois podem participar com maior frequência de feiras de emprego, além de aplicar pessoalmente distribuindo seus curriculos/resumes em empresas que estejam com placas de contrata-se.

Outro dia uma profissional me perguntou, nossa parece uma escolha de sofia: devo aplicar para vagas do meu país e assim conseguir o visto, foco em melhorar meus pontos de idioma e cursos ao tentar os programas provinciais e federais principalmente o express entry ou será que devo mergulhar de cabeça e buscar realizar um curso de graduação ou pós no Canadá que me dará condições de ter um visto de trabalho part time e posteriormente full time por até três anos?

Minha melhor resposta é: os 3 juntos idealmente. Sempre gosto de dizer que a estratégia da job offer pode ser uma das, idealmente não a principal e nunca a única. Afinal as dificuldades estão postas. Os programas federais e provinciais são o caminho natural para quem quer não apenas ter um visto temporário de residente, mas se tornar residente permanente e posteriormente até mesmo um cidadão canadense após 3 anos como residente permanente e vivendo no país sem cometer infrações. Finalmente a estratégia de estudo e trabalho vem sendo a grande chave para aumentar as possibilidades de empregabilidade, conhecimento do mercado e principalmente multiplicar a pontuação nas elegibilidades para os programas de imigracao, além de ser uma grande mina de ouro para o governo canadense (educação internacional e imigracao geram anualmente a mais de 30 bilhoes de dolares para a economia canadense) ou seja é um grande business que movimenta muito interesse e $$$. Dos mais de 10 mil profissionais que entrevistei aqui no Canadá até hoje, mais de 90% deles vieram inicialmente ao país com um visto de estudo e trabalho. Os demais 10% grande parte veio através dos processos federais ou provinciais, outras pessoas a partir do casamento com canadense e diria que menos de 1% com a sonhada job offer.

E dentre as job offers para aqueles que não são da área de desenvolvimento de software e programadores qual o perfil costuma conseguir a tão sonhada, almejada e propagandeada job offer em alguns casos acompanhada do tão falado LMIA (labor market impact assessment). Bom dos casos que pude acompanhar vejo que além de serem casos muito excepcionais em volume também o são em sua natureza e razões de como aconteceram… conheço casos em que ex chefes com excelente relacionamento com seus subordinados ao chegar em uma nova empresa e ter uma vaga de difícil preenchimento literalmente “bancaram” o profissional e entregaram o currículo na mesa do RH e falaram pode contratar esse que dá conta do recado por minha conta. Outros casos profissionais de nível técnico e mais de 20 anos de experiência mecânica em equipamentos pesados e complexos por ter amigos na região, ficaram sabendo de uma oficina que tinha um equipamento quebrado há muito tempo e resolveu “dar uma olhadinha” ao conseguir consertar tal máquina que nao funcionava em menos de uma tarde, tal profissional mesmo com pouco inglês teve um empregador desesperado para obter tal mão de obra a sua disposição. Finalmente um terceiro caso que tive contato foi relativo a um profissional com conhecimentos muito específicos de uma área técnica em química inorgânica e que uma empresa específica buscava para desenvolver seus produtos e soluções. Ou seja, são sempre casos com asteriscos muito claros. Ahhh mas você nunca viu um caso de um gerente de marketing, financeiro , RH? Claro sempre com jeitinho… pagando por baixo do pano, amigo do primo do conhecido que conseguiu… agora uma empresa séria e bem estabelecida realizar um processo desse tipo de maneira genérica é algo extremamente raro para não dizer quase impossível, muito menos se nao tiver um “patrocinador interno” seja o dono, presidente ou algum membro de sua diretoria por trás dando todo suporte para que o processo caminhe e garanta estabilidade, afinal na maioria dos casos um visto desse tipo costuma levar de 4 a 12 meses. Quantas empresas podem se dar ao luxo de esperar tanto tempo por um profissional? Faça esse breve exercício, coloque-se no lugar de um contratante canadanse… você esperaria uma pessoa vinda de outro país por 4 a 12 meses com uma vaga aberta na empresa que você trabalha? Colocando seu próprio emprego em risco? Assumindo uma bronca dessas? Fica a reflexão e/ou provocação como preferir…

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