Após compararmos os EUA e Canadá sob os mais diversos aspectos envolvidos na qualidade de vida nesses países, chegou a hora de abordarmos as diferenças quando o assunto é imigração. Até então, tratamos de fatores que impactam tanto a vida dos cidadãos nativos ou residentes permanentes desses países, quanto de moradores temporários. Agora, o papo é reto para aqueles que estão planejando ou que já estão com seus processos de mudança e imigração a pleno vapor!
Em linhas gerais, falar de processos imigratórios passa necessariamente por entender e contextualizar as necessidades e, portanto, o nível de abertura de cada país para aceitar receber pessoas de outros países, quer seja de forma temporária como estudantes e seus cônjuges ou profissionais com apoio de empresas ou permanente. Evidentemente que o processo para se tornar um residente permanente em qualquer nação é um longo e nada fácil caminho, que requer muito planejamento, persistência e foco; até mesmo para uma mudança temporária esses fatores são essenciais, tendo em vista que se trata, ainda que de forma provisória, de uma mudança profunda e que exige ainda capacidade de adaptação, com flexibilidade e resiliência, para que os objetivos sejam alcançados com o mínimo de desconforto possível.
Por serem países que têm na educação, em especial a de nível superior, uma base muito forte tanto de suas culturas como economias, a imigração por meio do estudo é uma das – se não a principal – maneiras de iniciar um plano de imigração para a América do Norte. No Canadá, onde anualmente cerca de 600 mil residentes temporários chegam ao país como estudantes de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado, que além de obter um diploma em um país world class no quesito, ainda dispõem de uma série de benefícios quando aqui chegam como estudantes internacionais. O principal deles, talvez o grande diferencial do Canadá para os demais países que também recebem milhares de estudantes internacionais todo ano, é a permissão para trabalhar part time se você estuda em uma instituição pública (ou privada que seja reconhecida pelo governo como elegível) e seu curso tem duração de pelo menos 8 meses. Além disso, o eventual cônjuge do estudante recebe permissão de trabalho full time, podendo trabalhar 40 horas semanais, o que sem dúvida propicia melhores condições de se manter com segurança e conforto por aqui. Além disso ao concluir cursos em instituições de ensino públicas ou em alguns casos até mesmo nas privadas em caso de cursos de longa duração (normalmente acima de 2 anos) o governo canadense oferece um novo visto para o estudante chamado Post Graduation Work Permit(PGWP) que varia de 1 a 3 anos conforme o tempo do curso recém concluído. Na visão do governo canadense o PGWP é a maneira de oferecer ao estudante internacional não apenas a oportunidade de fortalecer sua experiência prática após conclusão do curso, como também otimizar a falta de mão de obra que o país enfrenta em diversos segmentos, ou seja um win win situation, onde também o cônjuge e dependentes podem ter seus vistos estendidos por igual período. É normalmente durante esse período que os estudantes recém-formados conseguem completar os requisitos necessários para obtenção da residência permanente(o green card canadense) que após 3 anos de residência no país permitirá eventualmente a aplicação para cidadania canadense.
Mais de 40 diferentes programas de imigração
Outro ponto a favor dos canadenses nessa esfera é a variedade de possibilidades que o país oferece para adquirir o famoso e tão sonhado PR (permanent residence) equivalente ao Green Card dos EUA. O principal dos programas, o Express Entry, é administrado pelo órgão do governo federal que gere as questões relativas a imigrantes e refugiados (o IRCC), que por si só já é uma janela enorme e constantemente aberta para qualquer um de nós acessar e estar elegível a se tornar um PR canadense, existem dezenas de outros programas. Cada uma das 10 províncias canadenses e até mesmo os territórios possuem seus próprios programas, e ainda existem diversos outros que reúnem, por exemplo, trabalhadores de determinados setores ou com habilidades específicas, bem como de regiões fora dos grandes centros (Províncias do Atlântico, Rural, etc).
Essa multiplicidade de programas reflete, ao fim, a intenção manifesta e declarada do governo canadense de que os imigrantes são muito bem-vindos – mais do que isso, necessários para o futuro do país, tendo em vista a sua baixa densidade demográfica e a queda da população economicamente ativa agora e, pior, proporcionalmente ainda menor no futuro próximo. Pelo nosso lado, como imigrantes temos mais chances de adequar nosso perfil a um dos programas disponíveis e, assim, aumentar a possibilidade de conquistar a residência permanente, se esse for o desejo e plano. Caso o objetivo não seja viver permanentemente no Canadá, ainda assim as condições oferecidas a quem precisa ou gostaria de estudar ou simplesmente viver uma experiência temporária no país são bem favoráveis, permitindo que o visitante permaneça pelo período necessário com as ferramentas básicas para seu conforto e bem-estar (incluindo aí o direito a usar o sistema de saúde público, dentre outros benefícios, como auxílio-creche após alguns meses para quem tem filhos, por exemplo).
Vale muito a pena, antes de definir seu destino – e ainda que a cidade da sua escolha seja inegociável -, pesquisar sobre os programas provinciais, seus requerimentos e benefícios específicos. Apesar de ser importante estarmos onde nos sentimos bem, que aspectos como clima (ainda mais em um país com inverno severo como o Canadá) e custo de vida, entre outros, possam ser determinantes para nossa escolha pessoal, se há um plano de longo prazo como a residência permanente como linha de chegada, não ignore a diferença que o programa de imigração mais adequado pode fazer no futuro. Esse é meu conselho para quem ainda está na busca da melhor opção para tomar a decisão de qual província e cidade irá chamar de lar no Canadá. Invista tempo para pesquisar muito, ler bastante sobre todos os programas de imigração existentes no país e, aí sim, poder dizer com segurança qual seria o caminho mais adequado a tomar e tenha sempre mais de uma alternativa em sua estratégia, afinal as regras migratórias podem ser alteradas e muitos interessados em programas muito específicos acabam sendo prejudicados em eventuais alterações. Por isso, nunca é demais reforçar tenha sua estratégia A, B, C….Z. assim você poderá maximizar sua chance de sucesso.
Sponsorship como caminho para o Green Card
Além do tradicional (e caro) visto de empreendedor também conhecido como EB-5 que graças ao Mr. Trump teve seu valor atualizado em 2019 de 500 mil para 900 mil dólares americanos, enquanto no Canadá tal visto pode ser obtido mediante investimentos mínimos que variam de 100 a 200mil dólares canadenses , ou seja equivalente a 10% do valor Canadense, os Estados Unidos contam também com um bom leque de opções para imigrar, em especial de forma temporária. No entanto, na maioria das categorias não é oferecida a permissão de trabalho como acontece no Canadá (nem mesmo part time), tornando o processo de imigração mais complexo e custoso.
Dentro das modalidades de vistos disponíveis para quem deseja estudar, por exemplo, há no máximo a possibilidade de um tipo de estágio remunerado ao final do curso (chamado OPT – Optical Practical Training), de meio-período (até 20 horas semanais) ou caso a instituição de ensino contrate o estudante para trabalhar na própria escola ou universidade. Fora essas exceções, nenhum outro visto de estudante para os EUA oferece permissão de trabalho, muito menos para os cônjuges de quem estuda, criando assim uma necessidade de investimento e planejamento financeiro bem maior para os interessados.
Sobram assim dois caminhos para viabilizar a permanência no país: tendo uma oferta de trabalho e, dessa forma, um visto de trabalho patrocinado pela empresa contratante; ou o visto de casamento, o K-1, que dá a permissão de residência ao imigrante quando ele vai para os EUA se casar com um cidadão ou uma cidadã americano(a). Certamente, a mais peculiar das formas de imigrar para lá, porém também com suas exigências específicas e, claro, tendo ainda a principal tarefa de encontrar seu par perfeito made in USA.
Veja que, em todas as opções, ou é necessário ter muito dinheiro ou depende de fatores externos, fora do seu próprio controle. No caso do trabalho, uma oferta de uma empresa; e no visto de relacionamento, o parceiro ou parceira norte-americano(a) para casar. Por sua vez, no Canadá, com um investimento elevado quando consideramos o câmbio do real para o Dólar, mas muito mais em conta, é possível imigrar como estudante, trabalhando mesmo enquanto realiza seu curso e com a chance de estender o visto após sua conclusão, processo conhecido como PGWP (Post Graduate Work Permit), o que termina de pavimentar o percurso para a aplicação do PR canadense em algo por volta de três a quatro anos de residência temporária, em média.
Cabe ressaltar, ainda, que ao comparar a possibilidade e o tempo médio para conseguir o PR canadense e o green card americano, outra vez dá Canadá de goleada. Enquanto é possível, como descrito acima, se planejar para adquirir a residência permanente canadense entre três e quatro anos – e, pasmem, se tornar cidadão em cinco anos – nos EUA é um processo muito mais difícil, complexo e que pode levar até 10 anos, em alguns casos como a modalidade chamada “Preferência familiar”, para ser concluído. E como há, diferentemente do Canadá, um limite de quantidade de vistos emitidos anualmente pré-definido, o green card pode ou não ser concedido para determinadas situações.
Por fim, vale pontuar que no aspecto subjetivo – e aí vai uma visão e opinião pessoal, percepção mesmo da minha experiência nos dois países onde tive a oportunidade não apenas de visitar diversos estados e províncias como viver e trabalhar em ambos – do processo de residência e imigração, a multiculturalidade canadense acaba deixando uma sociedade norte-americana, apesar de bastante diversa e multicultural nos grandes centros e principalmente nas faixas litorâneas do atlântico e do pacifico, em geral, por ter processos de imigracao mais antigos , tais fatores acabam contribuindo por uma mentalidade média mais conservadora em termos de acolhimento aos estrangeiros. Para mim, é visível como, por um lado, a imigração é parte tanto do programa de governo quanto da vida das pessoas no Canadá onde mais de 25% da população nasceu em outro país, e por outro vem sendo ao longo dos últimos tempos, especialmente, alvo de conflitos e divisão nos EUA. Por todos esses motivos a vantagem canadense no quesito abertura e possibilidades para imigracao é indiscutivel.
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