Dada a subjetividade do tema e a complexidade da comparação, de antemão já aviso que lá vem textão! Mas calma, não vou fazer vocês rolarem a tela muito nem ficar lendo um texto interminável… por isso, conforme citei no artigo da semana passada (Capítulo 7: Qualidade de vida no Canadá é melhor que dos EUA ) resolvi dividir esse tópico sobre qualidade de vida na América do Norte em uma série de artigos, que começa aqui com esse primeiro episódio hoje, e segue nas próximas semanas, trazendo os mais diversos aspectos deste amplo conceito da qualidade de vida, como educação, saúde, segurança, mercado de trabalho, clima, dentre outros.
Bom, pra começar é importante destacar o quão complexa é a questão-título desse artigo, uma vez que se trata da comparação entre dois países vizinhos que têm muitas similaridades e outros tantos pontos que os diferenciam. Já deixo claro que vou compartilhar aqui um pouco da minha pesquisa em relação ao tema e também minha experiência vivendo e visitando diversas regiões dos dois países. E te garanto que mesmo ao terminar de ler essa série de artigos não teremos uma resposta definitiva, uma vez que cada indivíduo tem suas preferências, prioridades, gostos e expectativas. De toda forma, vamos tentar cobrir aqui o maior leque de opções e características possíveis dentro do tema.
Antes de tudo, é preciso pontuar o que é considerado qualidade de vida. Tal expressão costuma ser compreendida por cada pessoa de maneira diferente, e, se fizermos uma pesquisa rápida sobre o tema, podemos encontrar as seguintes definições:
“Qualidade de vida é a noção humana relacionada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria existência. É uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considerada como seu padrão de conforto e bem-estar e nesse sentido é uma construção social”. (CARVALHO, 2005, p. 5).
De acordo com a Wikipédia, qualidade de vida é “o método usado para medir as condições da vida de um ser humano. Envolve o bem físico, mental, psicológico e emocional, relacionamentos sociais, como família e amigos e também a saúde, educação, poder de compra e outras circunstâncias da vida”.
Uma ferramenta bastante utilizada para medir a evolução das sociedades e também refletindo a qualidade de vida é o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – que foi desenvolvido para oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano
Mas, em geral, o que costumamos considerar como qualidade de vida? Saúde, segurança, educação? Oportunidades econômicas, de trabalho, de carreira, de viver legalmente em um país?
São muitas as variáveis, e com países tão extensos geograficamente quanto o Canadá e os Estados Unidos, que inclusive têm territórios mais extensos que o Brasil, o grau de complexidade aumenta. Afirmar categoricamente que há mais qualidade de vida no Canadá ou nos Estados Unidos é tão complexo quanto a comparação entre Porto Alegre e Manaus, por exemplo. A resposta mais adequada será… depende. Afinal, cada caso é um caso, cada pessoa tem interesses, perfis e gostos diferentes.
Focando, no entanto, no que podemos considerar como eixos essenciais de qualidade de vida, vou tentar simplificar minha avaliação para um resultado analítico de quem ganha ou perde o embate, ou se temos um empate no quesito. Vamos lá!
Saúde
O Canadá oferece serviço público de saúde em todas as províncias de maneira gratuita para seus cidadãos e residentes permanentes, em alguns casos inclusive até estudantes internacionais também têm acesso aos mesmos serviços de maneira gratuita ou subsidiada através de um seguro saúde a preços acessíveis. Tal serviço, assim como no SUS brasileiro, varia de região para região e depende da disponibilidade dos profissionais especializados em casos mais complexos. Nos atendimentos mais simples deve-se sempre procurar um médico de família para questões rotineiras ou ir direto a um hospital ou walk in clinic, que atendem os pacientes de maneira imediata, ambos gratuitamente.
Nos Estados Unidos, por sua vez, toda medicina é particular, à exceção de raras clínicas mantidas por ONGs ou doações. Basta uma rápida pesquisa na internet para verificar que um simples atendimento pode custar centenas de dólares e uma internação pode chegar a milhares de dólares, que costumam ser cobertos pelos planos de saúde oferecidos pelos empregadores ou, caso queira/possa contratar um plano particular, como no Brasil temos Unimed, Amil, etc. Com isso, o atendimento acaba sendo mais ágil e também não precisa passar por uma triagem do médico de família, podendo ir diretamente ao especialista, diferentemente do Canadá, onde o médico de família tem autonomia de encaminhar os pacientes por meio de um referral, gerando um pouco mais de lentidão no processo.
Neste quesito, temos que fazer aquela avaliação pessoal. Para quem tem recursos, ou plano de saúde pago pela empresa, os EUA aparenta ter uma qualidade maior, inclusive vemos canadenses buscando serviços especializados nos EUA quando necessário. No entanto, para a grande maioria das pessoas e da população o serviço canadense acaba sendo uma solução mais acessível e democrática. Ou seja, vou dar dois exemplos no caso de cidadãos ou residentes permanentes/green card que vão refletir o cenário : se você precisa fazer uma cirurgia com um especialista, terá que entrar na fila de prioridades e quando chegar a sua vez no Canadá você a terá sem custos. No caso dos EUA, você terá todas as opções possíveis e imagináveis, porém sempre dependendo se você tem um plano de saúde e se esse plano cobre o procedimento.
Se você tiver um acidente e for atendido por uma ambulância, no Canadá você será levado a um hospital e atendido pronta e gratuitamente, sem problema algum. Nos EUA, novamente, caso você tenha um plano de saúde que cobre, ótimo, terá todo suporte e atendimento. No entanto, caso não tenha seguro saúde (e 8.5% da população estadunidense, o que equivale a 28 milhões de pessoas, não tem) terá que pagar inclusive o transporte da ambulância, afinal não existe saúde pública nem para serviços de emergência.
No quesito saúde vejo uma superioridade canadense por oferecer serviços equivalentes e gratuitos à toda população. Aqui, mesmo quem tem bilhões de dólares na conta bancária precisa passar pelos mesmos procedimentos que as pessoas mais simples; enquanto nos EUA, se você tem condições de ter um ótimo plano de saúde, perfeito. Mas se seu plano não é dos melhores ou infelizmente não tem plano… a situação se complica demais.
Gostou? Então fique ligado e não perca a continuação da série!
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Espero que tenha conseguido esclarecer alguns pontos e sigo a disposição para novas sugestões de temáticas, sempre que possível tenho compartilhado novos textos por aqui ou também pelo Linkedin, se não somos conectados ainda fique a vontade para me adicionar
Aproveito para te convidar a ler meus outros textos sobre Vida e Carreira no Canadá e fique a vontade para comentar com sugestões de outros temas que possam te interessar:
Serie meias verdades Canadenses:
Capítulo 1: Quem mora no Canadá passa metade do ano congelado/embaixo de neve
Capítulo 2: O Canadá é um país bilingue
Capítulo 3 : O Job Bank canadense tem muitas vagas disponíveis.
Capitulo 5: Vancouver é o Rio de Janeiro do Canadá
Capitulo 6: O Canadá sempre tem vagas disponíveis na área de tecnologia.
Capítulo 7: Qualidade de vida no Canadá é melhor que dos EUA
Artigos anteriores:
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