É uma loucura (muito grande) largar tudo e imigrar para outro país?

Uma das perguntas mais recorrentes das inúmeras que recebo semanalmente é, na verdade, muito mais do que um único questionamento, mas um estado absolutamente natural e compreensível para quem está prestes a fazer um grande e complexo movimento como mudar de país: a insegurança, o receio do desconhecido.

Questões como “consigo um emprego na minha área?”, “não estou muito velho para imigrar?” ou “quanto preciso para me manter por um tempo no Canadá?” chegam o tempo todo na caixa de mensagens. Trata-se de um sentimento de sobrevivência totalmente aderente ao tamanho do desafio, que para muitos (talvez a grande maioria) dos interessados em viver em outro país significa abandonar uma carreira e recomeçar do zero, superar barreiras da língua, adaptação climática e a uma cultura diferente, dentre tantos outros aspectos inerentes à imigração.

Como é um fator central e determinante, que pode fazer – e geralmente faz – toda a diferença no sucesso ou fracasso do plano Canadá, resolvi compilar aqui nesse artigo o que considero os principais pontos para os quais devemos atentar ainda quando do planejamento e, obviamente, também durante a execução do plano.

1 – Análise pessoal e de contexto: aqui cabe uma série de questionamentos de foro íntimo, e que devem ser levantados para que o plano parta de uma base forte, sólida, com maior segurança sobre propósitos e objetivos e portanto com maiores chances de sucesso lá na frente. Perguntar a si mesmo se tem certeza de que é esse mesmo o caminho, de mudar para outro país, que você deseja é fundamental. E junto a ele vêm outros aspectos, como se vai aguentar firme a distância e saudade da família e dos amigos, bem como de hábitos cultivados por muitos anos no Brasil e que vários deles vão ter de ser substituídos. E abrir mão de uma carreira – ainda que momentaneamente -, haveria uma aceitação e relativamente rápida adaptação a novos trabalhos? São todos pontos-chave para o desenvolvimento do plano de mudança, tendo em vista a distância do país para o Brasil e tudo que envolve residir e recomeçar profissionalmente em outro mercado de trabalho. É muito importante ter clareza disso e respostas sinceras para si mesmo nesse sentido, pois infelizmente a balança e os pesos de cada lado variam de pessoa para pessoa, não existe uma receita única de sucesso e o que funciona ou funcionou em um certo momento para um pode não funcionar para outro;

2 – Possibilidades de conseguir um visto de trabalho: nesse item falamos de forma mais prática sobre os desafios da imigração. Quanto custa e como ter acesso a um visto de trabalho no Canadá? Quais as possibilidades e chances de conquistar a permissão para trabalhar no Canadá, qual o horizonte de prazo para obtê-lo? Que exigências e requerimentos são feitos pelo governo canadense? E por fim, what’s next? Qual o caminho para se tornar um residente permanente e, finalmente, um cidadão do Canadá e poder desfrutar de todos os direitos que os nativos detém? A questão de conseguir um trabalho, para além de ter um visto que te permita trabalhar, é crucial na medida em que a concorrência é um tanto quanto desequilibrada, pois quem é nativo ou residente permanente acaba tendo a preferência em processos seletivos, uma vez que o empregador opta pelo caminho mais fácil no longo prazo. Afinal, enquanto se é residente temporário temos um prazo de validade no país estampado em nossos passaportes, portanto não tendo a garantia de permanência no trabalho por um período mais extenso (para saber mais a respeito, leia esse artigo que publiquei: https://carreira.ca/consigo-ter-um-visto-de-trabalho-no-canada-sem-uma-oferta-de-trabalho-de-uma-empresa-canadense-quanto-custa-para-conseguir-esse-visto/.

3 – Pesquisa sobre o mercado de trabalho e exigências na sua área: aqui temos um mix da praticidade do anterior com a subjetividade do primeiro. Se por um lado é importante estar a par de como funciona o mercado de trabalho no Canadá, entender as áreas em demanda e os requerimentos que cada uma pede, por outro há questões como o nível de proficiência na língua e as alternativas para o recomeço no país, que variam de pessoa para pessoa na medida que cada um tem seu próprio “combo” de qualificações, formação acadêmica e experiência profissional. A depender da sua área de atuação, pode ser exigido um nível maior ou não tão avançado no domínio da língua inglesa, bem como da francesa como segundo idioma – aí dependendo também da província escolhida para morar. Além disso, vai fazer diferença sua disponibilidade em aceitar trabalhar em outras áreas que não sua área principal, momento esse que poderá auxiliar e muito na sua inserção futura no mercado, mas que costuma ser desafiadora seja pela falta de vagas part time em escritórios ou até mesmo de encaixe em sua disponibilidade de horário. O importante é não ignorar esse fator, que pode ser decisivo no seu desenvolvimento profissional e reinício de carreira em outro país, para que a jornada seja menos turbulenta possível e possa fluir em direção a uma colocação adequada no mercado, de acordo com suas habilidades, aptidões e, claro, desejos e interesses profissionais.

Finalizo trazendo uma provocação, em contraponto a tudo que abordei nesse texto: e se você decidir que é muito arriscado tudo isso, que é melhor ficar na sua zona de conforto, será que não irá se arrepender lá na frente, quando olhar para trás e perceber que perdeu a janela de oportunidade que se abriu? E o risco de ficar onde está, também não existe? Talvez outros tipos de riscos, ameaças diferentes, porém igualmente desconfortáveis – ou até piores.

Obviamente, cabe somente a você avaliar e decidir sobre a sua vida, seus planos e objetivos de vida. Mas, para mim, acredito que é sempre melhor nos arrependemos do que fizemos do que deixamos de fazer… think about it!

A frase que mais escuto de quem já está aqui há tempos e que resume meu sentimento nesse sentido também é:

Só me arrependo de não ter vindo antes

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Espero que tenha conseguido esclarecer alguns pontos e sigo a disposição para novas sugestões de temáticas, sempre que possível tenho compartilhado novos textos por aqui ou também pelo Linkedin, se não somos conectados ainda fique a vontade para me adicionar

Aproveito para te convidar a ler nossos outros textos sobre Vida e Carreira no Canadá e fique a vontade para comentar com sugestões de outros temas que possam te interessar:

Serie: O Canada tem mais qualidade de vida que os EUA?

Capítulo 1: Saude

Capítulo 2: Educacao e Segurança

Capitulo 3: Clima, economia e mercado de trabalho

Capitulo 4: Moradia e meio ambiente

Capitulo 5 – Possibilidades de imigração

Serie: Meias verdades Canadenses:

Capítulo 1: Quem mora no Canadá passa metade do ano congelado/embaixo de neve

Capítulo 2: O Canadá é um país bilingue

Capítulo 3 : O Job Bank canadense tem muitas vagas disponíveis.

Capítulo 4: O Canadá Busca XYZW ((o XYZW pode ser substituído por: casais; famílias com filhos; brasileiros; ou qualquer outra nacionalidade…)

Capitulo 5: Vancouver é o Rio de Janeiro do Canadá