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Como é a oferta de vagas part time no Canada?

Recebi essa pergunta recentemente de uma profissional que virá no ano que vem para o Canadá realizar um curso de pós-graduação e sendo assim terá direito de trabalhar meio período (part time) durante o seu curso.

Essa é uma estratégia muito usada e inclusive incentivada pelo governo Canadense para que profissionais do exterior possam não só ter acesso à educação Canadense. considerada por rankings internacionais entre as melhores do mundo, como também ter a oportunidade de obter um visto de trabalho de meio período (maximo de 20hs semanais) enquanto estuda, e seu cônjuge terá direito a um visto de trabalho full time por igual período. Além disso, caso tenham filhos em idade escolar os mesmos terão direito a matrícula gratuita na rede de ensino pública canadense que também está entre as melhores do mundo.

Mas voltando a dúvida inicial é em relacao a não só quantidade, mas principalmente qualidade e tipo de vagas que estão disponíveis para part timers. Importante ressaltar que todas informações que compartilho por aqui são fruto da minha experiência pessoal vivendo no Canada desde 2016 e tendo entrevistado e auxiliado mais de 3 mil profissionais por aqui. Ou seja, sempre tento utilizar a regra de pareto dos 80/20 e me baseio no que acontece com a maioria das pessoas e não os casos especiais e específicos, o famoso meu amigo ouviu falar que o primo de um conhecido conseguiu…

Diferentemente do Brasil onde praticamente não existe um mercado de vagas de meio período, o Canadá tem sim uma cultura mais flexível e até mesmo tradicional em que vários empregadores oferecem vagas para quem tenha disponibilidade apenas de meio período (mesmo que no caso dos estudantes internacionais tal disponibilidade é uma limitação legal que permite que os mesmos trabalham até 20hs por semana apenas). Na sua grande maioria tais vagas são encontradas nas áreas de alimentação, varejo, atendimento ao cliente e supply chain, sejam em lojas, shoppings, restaurantes, hotéis e supermercados, além de operadores logísticos e centrais de atendimento que têm turnos 7 dias por semana.

A maioria das empresas tradicionais e principalmente escritórios acaba buscando a maioria dos seus profissionais em dedicação em tempo integral, ou seja 40 hs por semana. Como recrutador muitas vezes acabo na medida do possível sugerindo aos clientes, que vem encontrando dificuldade na busca por profissionais para suas equipes, para que tenham flexibilidade e considerem candidatos part timers, no entanto na maioria absoluta das vezes as empresas são bastante resistentes a ideia e utilizam os seguintes argumentos (mesmo pagando por hora trabalhada e podendo encontrar o equilíbrio com 2 colaboradores um no período da manhã outro à tarde) :

  • Preciso de agilidade e só tenho tempo para treinar um funcionário
  • Temos apenas funcionários full time em nossa equipe
  • Preciso de alguém que esteja disponível o dia todo
  • Como faremos no dia/horário que o profissional não estiver aqui?

Muito mais que justificativas bem embasadas, vejo tais argumentos como desculpas de empresas que ainda se encontram com sua gestão ainda em evolução e pouco afeita a flexibilidade e potencial que um profissional part time tem não só de aprendizado da posição, mas também sua capacidade de entrega e até mesmo efetivação após a formatura. Dessa forma, o que acaba acontecendo com frequência é uma competição gigantesca pelas poucas vagas “de office” administrativas, “com NOC” ( se não está acostumado vai se acostumando com essas siglas e nomenclaturas) e a maioria dos casos bem sucedidos de profissionais que encontram as sonhadas vagas part time “na área” costumam ser em empresas de menor porte e mais flexíveis como por exemplo: start ups, instituições de ensino e empresas da comunidade ou fundadas por imigrantes que já vivenciaram tais dificuldades e sendo assim são mais adaptadas a tal realidade e acabam aproveitando muito bem esse pool de candidatos de altíssimo potencial e qualidade, mas que temporariamente estão limitados por uma questão meramente burocrática a trabalhar 20hs por semana.

Vale lembrar que ao se formar em uma instituição de ensino pública ou uma privada em nível de degree ou superior, o profissional tem ainda direito a uma nova permissão de trabalho dessa vez integral de pós graduado , chamado post graduation work permit (PGWP) Esse novo visto/permissão de trabalho, costuma ter a duração de 1 a 3 anos conforme o tipo de curso realizado. Durante esse período é que os interessados costumam obter a experiência de trabalho canadense full time e assim se habilitar com mais pontos ou através de um programa provincial para aplicar para sua residência permanente o equivalente canadense ao green card dos Estados Unidos.

Outra dúvida bastante comum em relação ao trabalho part time, é :

Dá para viver com o salário que receberei pelas 20hs semanais?

Essa é a típica pergunta pegadinha, que a resposta sempre vai depender. Se você é uma pessoa econômica e vive em uma região não tão cara. Dá pra viver…. Não vai sobrar muito, ou quase nada. Mas você sim conseguirá pagar seu custo básico daqui. Agora se você quer viver tudo que o país tem para oferecer, obviamente o valor das 20hs mesmo se estiver numa vaga bacana pagando acima do salário mínimo os custos tendem a ser elevados…

E será que dá para pagar a anuidade da instituição de ensino com o valor que vou ganhar enquanto estudo?

Sinceramente falando, já vi muita gente na esperança que isso fosse possível, mas na realidade apenas algumas heroínas e heróis (na maioria das vezes por conta de situações especiais como bolsa de estudo ou altíssimas gorjetas em seus trabalhos em restaurantes) são capazes dessa mágica aritmética, mas se contemplamos que o valor investido no tuition/ anuidade poderá ser diluído ao longo dos demais anos com visto de trabalho full time que fora obtido após a formatura do curso, ou também quando consideramos que o cônjuge pode trabalhar full time e auxiliar nas despesas além da escola dos filhos que sairia de graça…. Tais valores acabam equilibrando a equação… e muitas vezes sendo o diferencial ou até mesmo o chamado ponto de equilíbrio para o planejamento de uma eventual temporada por aqui.

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